Abra o teu coração para Jesus

Digno ès, Senhor, de receber Glória, e Honra, e Poder; porque Tu criaste todas as coisas, e por Tua vontade são e foram criadas.































































































































































































































































































































































































































































































































terça-feira, 19 de outubro de 2010

Derramamento de Sangue!!!

Onda de assassinatos na Nigéria está vinculada a rebeldes muçulmanos

The New York Times
Adam Nossiter
Em Maiduguri (Nigéria)
Uma onda de assassinatos misteriosos cometidos por pistoleiros de motocicletas, que escolhem como alvos policiais, políticos e outros indivíduos nesta cidade próxima ao deserto, fez com que as autoridades declarassem que uma seita muçulmana radical, que todos acreditavam que fora esmagada pelas forças armadas nigerianas, voltou a operar.
Os soldados do governo voltaram a ocupar esta região, um toque de recolher foi imposto e muitos moradores estão preocupados com ataques ostensivos à luz do dia que, segundo as autoridades, se constituem em uma retomada das operações realizadas no ano passado por uma seita antiocidental contra postos policiais e militares.
Um desafio ostensivo ao governo nigeriano parece estar em andamento, com ações que incluem uma audaciosa invasão, em plena luz do dia, a uma prisão em Bauchi, no mês passado, que resultou na libertação de 700 detentos – incluindo vários membros da seita –, um ataque incendiário contra um posto policial em Maiduguri na semana passada e o assassinato de vários policiais e lideranças políticas nos últimos meses.
A violência aqui na região norte do país ocorre em um momento delicado para a Nigéria, um dos maiores produtores de petróleo do mundo e um dos principais fornecedores dos Estados Unidos. Embora a nação continue estável, ela está lutando para organizar no ano que vem eleições que colocarão à prova a capacidade e até mesmo a legitimidade da jovem democracia nigeriana.
Além disso, o governo enfrenta uma renovada ameaça dos militantes na região sul do país, que é produtora de petróleo. Os rebeldes assumiram a responsabilidade por um letal ataque a bomba que ocorreu neste mês durante as comemorações do dia da independência em Abuja, a capital do país.
Os militantes sulistas travam uma batalha insurgente há anos contra a indústria petrolífera, mas o ataque a bomba se constituiu na primeira vez em que eles atingiram diretamente o núcleo do poder nigeriano.
Lá na capital, da mesma forma que aqui em Maiduguri, a insurgência é alimentada pela corrupção e pela enorme desigualdade econômica. Os Estados desta região são os mais pobres do país, e 70% da população daqui vive na pobreza, segundo estatísticas da Organização das Nações Unidas (ONU), enquanto que uns poucos indivíduos ricos moram em mansões cercadas de muros altos.
Em Maiduguri, uma cidade quente de cerca de um milhão de habitantes, que fica próxima à fronteira oriental com a República dos Camarões – e onde os apelos a Alá são colocados em cartazes nas ruas, as mulheres andam cobertas por véus e grupos de garotos esfarrapados circulam portando potes plásticos de mendicantes –, o descontentamento está misturado à religião. A lei muçulmana vigora aqui, assim como em todo o norte da Nigéria, mas de uma forma que não é suficientemente rígida para a seita Boko Haram, cujo nome é uma expressão no idioma local, o Hausa, indicando repugnância pela educação ocidental.
No mercado da cidade, homens usando túnicas expressam raiva em relação ao governo, que reprimiu violentamente o Boko Haran em uma operação militar, no ano passado, que talvez tenha resultado na morte de 800 pessoas, mas não dos membros da seita que são suspeitos de perpetrar os recentes assassinatos.
“Isso é culpa do governo”, acusa Alhaji Abdullahi Malari, um comerciante de roupas. “Os nossos representantes e o nosso governo não são sinceros. Aquilo que uma única pessoa rica recebe neste país seria suficiente para sustentar uma grande quantidade de pessoas”.
Outro comerciante que trabalha no mercado, Alhaji Abu Abaja, concorda: “Se o dinheiro obtido pelo governo fosse dividido igualmente, não haveria esse problema”.
O derramamento de sangue e a destruição do ano passado ainda estão visíveis nos prédios que continuam cheios de buracos de balas e nos veículos queimados que ainda não foram removidos. A operação pouco contribuiu para resolver os problemas sociais que provocaram a rebelião aqui, e também não foi suficiente para conter a campanha da seita.
“Isso é uma verdadeira insurreição”, afirma Paul Lubeck, especialista em questões nigerianas da Universidade da Califórnia, em Santa Cruz. “Esse movimento se constitui em uma crítica radical dos grupos que dominam o norte do país”.
Ele acrescentou: “O ataque contra a prisão de Bauchi foi bem mais sofisticado do que qualquer outra coisa que presenciamos anteriormente. Eles estão recorrendo à pobreza maciça para obterem poder de fogo”.
A política daqui afirma que 11 pessoas foram mortas a tiros em Maiduguri desde julho passado – segundo a mídia local, 14 pessoas morreram, incluindo seis policiais –, em uma série de assassinatos cometidos por homens taciturnos em motocicletas, e que portavam fuzis automáticos Kalashnikov. Eles atiravam nas vítimas e iam embora, às vezes disparando para o ar.
Dois outros policiais foram assassinados em Bauchi na noite da última quinta-feira, o que fez com que as autoridades proibissem o tráfego de motocicletas naquela cidade. Em Maiduguri essa proibição já estava em vigor.
Os policiais, como símbolos da odiada autoridade governamental, são alvos especialmente procurados, da mesma forma que ocorreu durante os conflitos de natureza religiosa do passado. Mas alguns assassinatos geraram um temor especial porque os pistoleiros estão matando pessoas de categorias e profissões cada vez mais diversas.
O vice-presidente nacional do Partido All Nigeria People, Alhaji Awana Ali Ngala, foi assassinado na sua sala de estar no dia 6 de outubro último. Três dias depois, Sheik Bashir Mustapha, um proeminente clérigo muçulmano que criticava o Boko Haram, foi morto quando lecionava religião na sua casa.
Buracos de bala podem ser vistos nas paredes, ainda manchadas de sangue, no local onde o clérigo foi assassinado. Os pistoleiros cumprimentaram um aluno do clérigo de 13 anos de idade em uma tranquila tarde de sábado, e pediram a ele que lhes mostrasse o interior da residência. A seguir, o garoto assistiu aterrorizado enquanto os homens fuzilavam o seu professor e outro aluno.
Mas, por medo ou negligência, a polícia ainda não interrogou a testemunha e nem coletou as várias balas que ficaram no local do ataque, o que está enfurecendo os alunos e os familiares das vítimas.
“Ele dizia que matar seres humanos é um ato contrário à religião”, recorda Mohammed Gambo, um aluno do clérigo morto. “Ele dizia isso na estação de rádio”.
A cerca de 400 quilômetros daqui, nas ruas enlameadas atrás da prisão de Bauchi, por onde centenas de membros libertados do Boko Haram fugiram no mês passado após terem sido resgatados por membros da seita que portavam metralhadoras e gritavam “Allahu akbar”, há simpatia da população pelo grupo.
“O Boko Haram está combatendo o governo devido ao alto grau de injustiça”, argumenta o mecânico Dan Lami Aminu. “Todo mundo aqui os apoia”.
Jubilantes, os ex-prisioneiros passaram caminhando diante da borracharia de Mohammadu Bello naquela noite. “O que eles fizeram foi correto”, afirma Bello. “Existe uma grave injustiça aqui. A população tem sido submetida a uma penúria que ela não merece”.
O ataque contra à prisão, em 8 de setembro, ocorreu em uma movimentada esquina da cidade, enquanto multidões se movimentavam entre o Palácio do Emir, de muros cor de rosa, e a vasta mesquita central, repleta de fiéis para o fim do Ramadã. Surpresas, as pessoas viram através das janelas da mesquita os membros do Boko Haram invadirem calmamente a prisão central.
Mesmo assim, a onda recente de assassinatos fez com que aumentassem os temores. À noite, as ruas de Maiduguri, controladas por soldados em numerosas barreiras, encontram-se desertas. Caminhões com a inscrição “Operation Flush II”, cheios de soldados fortemente armados, podem ser vistos por toda parte. Os comerciantes no mercado da cidade dizem que as vendas despencaram. Muita gente acredita que está em circulação uma lista de alvos proeminentes formada pelos inimigos da seita.
“Existe medo na cidade”, afirma Ibrahim Abuya, o imame da mesquita principal de Maiduguri. “As pessoas estão sendo atacadas à luz do dia”.
Abdul Mumin-Sa'ad, um sociólogo da universidade da cidade, fala com muita relutância à reportagem: “Não se sabe quando ocorrerá o próximo ataque, nem quem será a próxima vítima. A situação é bastante assustadora”.
Dezenas de membros do Boko Haram ainda estão sendo procurados após o ataque do ano passado. A morte misteriosa do líder deles, Mohammed Yusuf, quando estava sob custódia da polícia, ainda não foi explicada. Os corpos que se acumularam no ano passado ainda estão na memória da população.
“Eles foram sumariamente executados; as autoridades sequer os ouviram”, acusa Abba Babangida, um comerciante que está em frente ao posto policial que foi incendiado em um ataque na semana passada. “Eles simplesmente os mataram. Sendo assim, as pessoas só podem simpatizar com o grupo”.
Isa Gusau contribuiu para esta matéria.
Tradução: Em Maiduguri (Nigéria)   Precisamos orar por este país!

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